31/08/2012

Você é o que você come!



O uso de defensivos agrícolas consiste hoje no principal método de luta contra as doenças e pragas que atacam as lavouras e trazem problemas para o agricultor. O Brasil lidera o mercado de agrotóxicos do mundo. Um levantamento encomendado pela Associação Nacional de Defesa de Vegetal (Andef), que representa os fabricantes desses produtos, mostra que essa indústria movimentou no ano passado US$ 7,1 bilhões, ante US$ 6,6 bilhões do segundo colocado, os Estados Unidos.

Mas o crescimento dessa prática trouxe a tona uma outra discussão: os danos que esses defensivos podem causar ao homem e ao meio. Ambientalistas, engenheiros ambientais, biólogos e técnicos agrícolas se reuniram, hoje, para debaterem sobre esse consumo de agrotóxicos dentro do Festival Marreco. O cine debate exibiu o filme O Veneno está na mesa, direção de Silvio Tendler . O documentário aborda como a chamada Revolução Verde do pós-guerra acabou com a herança da agricultura tradicional. No lugar, implantou um modelo que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar. Apesar do quadro negativo, o filme aponta pequenas iniciativas em defesa de um outro modelo de produção agrícola, como o caso de Adonai, um jovem agricultor que individualmente faz questão de plantar o milho sem veneno, enfrentando inclusive programas de financiamento do governo que tem como condição o uso desses agrotóxicos. No Brasil, há incentivo fiscal para quem utiliza agrotóxicos, gerando uma contradição entre a saúde da população e a economia do país, com privilégio da segunda.

Rodrigo Paixão, Sergio Pacheco e Carlos Alberto do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Luiza de Araujo da Adicer e do Conselho Integrado do Meio Ambiente (CIMA) foram convidados para guiarem o debate. Aspectos como devolução de embalagens, fiscalização em relação às vendas e modo de aplicação dos produtos foram pautados. O IMA e a ADICER defendem a tese de que sem agrotóxicos não há produção suficiente para alimentar o mundo. Como afrima Rodrigo Paixão, “ a gente não vai voltar os paradigmas. Nós não voltamos,isso é alienação. Não tem como produzir orgânicos para 7 bilhões de pessoas. Brasil é o pais do agrotóxicos.” E explicam que a visão quanto ao uso desses produtos é um pouco distorcida. Luiza de Araujo explica que “Não se usa mais agrotóxico, hoje em dia é defensivo agrícola. Por que se for usado corretamente não é veneno. Ele serve como um remédio paras as plantas assim como usamos os remédios.”

As pessoas que acompanharam o debate rebateram algumas narrativas levantdas. Ciro Nunes, representante do Coletivo Peleja, acredita que a questão de defender essa prática usando como desculpa o consumo humano é um argumento fraco, pois seria viável investir mais em pesquisas na área de alimentos orgânicos. Mas as empresas que fornecem os defensivos, obviamente, financiariam as pesquisas favoráveis a elas. Outro aspecto relevante que foi abordado no cine debate foi o consumismo desenfreado, causado pelo sistema capitalista e atual forma de vida. A sociedade se perdeu nesse modo de vida, o interesse econômico passa por cima das necessidades de sobrevivência. Além disso, as politicas públicas no Brasil não cooperam para regulamentar o uso desses defensivos nem para educar agricultores em relação à essa prática.

Mas nem tudo tem o lado negativo, de acordo com dados levantados pelo IMA e pela Adicer de Minas, Patos de Minas recebe mais de 140 mil toneladas de devolução de embalagens por ano, se destacando no estado. Além disso, 95% dessas embalagens são recicladas. Sérgio Pacheco informa que “Minas é o estado mais atuante nessa fiscalização, e o IMA trabalha com projetos preventivos e educativos.”

Agora fica a pergunta no ar “qual seria o primeiro passo para começar a mudar essa realidade?

2 comentários:

  1. Muito bom ter esse debate. Lembrando que este documentário 'O Veneno está na mesa' foi uma das ações que iniciou a "CAMPANHA PERMANETE CONTRA OS AGROTÓXICOS E PELA VIDA''. A Campanha foi lançad
    a em 7 de abril de 2011, no Dia Mundial da Saúde, por mais de 30 organizações socias, e com o objetivo de denunciar a falta de fiscalização e os efeitos prejudicias dos agrotóxicos, defendendo alternativas como a agroecologia.

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  2. stou aqui no Espírito Santo e sou membro do "Grupo de Agricultura Ecológica Kapixawa Agroecologia". O Grupo também fomenta essa problemática dos Agrotóxicos dentro e fora da Universidade. Recentemente o Grupo Kapixawa juntamente com outras
    entidades formalizou o comitê sul Capixaba da Campanha. INFORMAÇÕES E CONTADO DO GRUPO: http://kapixawa.wordpress.com/ ; Kapixawa@gmail.com ; INFOMAÇÕES SOBRE A CAMPANHA: http://contraosagrotoxicos.org/ ; contraosagrotoxicos@gmail.com. PARABÉNS AO COLETIVO PELEJA E AO FEST MARRECO PELO EVENTO E AFINS; ESTAMOS ACOMPANHADO AQUI DO LADO, QUALQUER COISA QUE PRECISAR ESTAMOS A DISPOSIÇÃO. ABRAÇÃO....

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